sábado, 3 de abril de 2010

Um vôo que flutua

Lá em cima
Do andar de cima
Uma mulher chamada Esperança
Resolveu por a cara de fora
Depois as pernas braços e dorso
Ficou balançando de um lado para outro
No vai e vem do vento traiçoeiro
Quando alguém de baixo viu
Outro alguém também chegou
Um outro um outro ainda
Formou-se uma multidão
Que agitava os braços e
Pedia para ela não saltar
Que tivesse amor pela vida
Que não saltasse mais
Que pensasse em sua mãe
- Esperança não tinha mãe
Que pensasse então em seu amor
O amor que ela teve um dia
- O amor dela não existia mais
O amor se foi e
Esperança ficou
Ficou a Esperança sem ninguém
Sem amor sem amigos
Sem inclusive inimigos
Esperança ficou
Sozinha
Solitária e só
Mas agora a multidão pedia
Esperança não ponha tudo a perder
Esperança ainda não vá morrer
Mas Esperança soltou uma perna
Soltou outra perna e flutuou
Sem amarras alguma
Pois Esperança não podia mais
Viver apenas
Esperança.

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