segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Desejo fazer um brinde:
Meu melhor sorriso desdentado,
Meu penteado mais desgrenhado
O brilho entusiasmado mais insano nos meus olhos
O timbre mavioso do mais ácido sarcasmo
E a verdade mais nua (e peluda com perebas) possível

Um brinde aos sonhos que tive
Aos poemas que escrevi
Ao tempo precioso que perdi
Às noites em claro que suspirei
Aos momentos de amor que senti
Às mulheres que desejei
Às mulheres que - de todo coração - amei e abandonei
Às vezes em que, amando, me entreguei
Aos segundos eternos que fitei olhos doces de paixão
Aos planos sinceros que tracei com meu suor, sangue e espírito
Ao vinho que virou vinagre
Ao charuto que acabou
À todas as vezes que em hipótese alguma menti
À todas as vezes que deveria ter mentido
Às noites em claro que cultuei a musa grega da poesia, essa doce meretriz
Que aceita o que digo e penso, e sorri, perfumando minhas palavras e loucuras
À todas às mulheres que fiz sorrir
Ao coração que eu tinha
Ao amor, cujo templo em mim destrocei e
Por sobre suas ruínas fiz meu soberano trono de escombros
Às vezes em que sorri quando deveria ter chorado
E por agora sequer conseguir chorar.

E a ti, infeliz que me lê e ainda ama,
Não desejo que chores:
Desejo que chores pouco.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sublime amor

Dor
Dor quando vomitei sangue hoje
Saiu sangue dos meus olhos,
Minha alma da minha boca saiu
Deixou meu corpo vazio,
Frio
Em coma emocional
Letargia macabra que me fez caminhar
Rosto fixo, um autômato vazio.
Maldito seja, amor,
por dar e depois tirar
por me fazer acreditar
fazer amar
fazer sangrar
vomitar e desmaiar.
Acordar sem acordar, andar,
Um marionete vazio
E quem puxa as cordas?
Você, filho da puta Amor?
Maldito.
Maldito, mas não como eu.
Maldito como o cheiro do meu vômito,
As perturbações e memórias doces que não me deixam dormir
Maldito como o ódio que sinto.
Tirou quase tudo de mim:
Meu sorriso, minha alegria, meu sangue,
Minhas tripas e minha fome
Meu coração e alma....
Esqueceu minha raiva, Maldito Amor
E nela vou espetar sua cabeça.
Juro pelo negrume do meu ódio
Que cada broto seu que nascer em mim vou arrancar da raiz,
Ver secar aos poucos, para só então queimar no fogo
e urinar sobre as cinzas.