sexta-feira, 30 de abril de 2010

Oração aos vegetais

Há muito minha misericordiosa
Sapiência humana e animal deixou
De rapinar gêneros orgânicos
Possuidores de patas e caudas
Barbatanas e asas
Pois sentiam dor
Frio e pavor
Sentiam medo
Não desejavam ser predados
Mas a predação continuou
Desta vez com os vegetais
Quem falou que os animais
Não sentem dor
Quem falou que os vegetais
Não sentem dor
Cortados e trucidados
Pelo fio dos metais
Ainda verdes
Ainda vermelhos
Como rabanetes
Ainda roxos
Como repolhos
A dor dos vegetais
É silenciosa
Angústia sentida
Que não chora
Em sua mudez
Uma mulher muda
Trucidada a golpes
De facão
De machadinho
De triturador elétrico
Para virar suco.
Só o homem pensa
Que vegetal não sofre
Pois não grita a sua dor
Pois nem voz tem.
Sem remorso algum
Sem culpa nenhuma
O vegetal é mastigado
Saborosamente pelo homem
Que defende os animais
De quatro pernas
Pernas para o ar
Mas continua comendo
Vegetais.
Se aprendêssemos
Com os vegetais nos alimentaríamos
Apenas de sais minerais
Da terra profunda
Apenas de gás carbônico
Do céu profundo
Mas não passamos de
Selvagens predando
Vidas vegetais
E outras...

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