quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Os olhos de Ana Maria

Quem deixou se navegar pelos olhos de Ana Maria
Jamais voltou para contar, senão enlouquecer de amores
Pois perigos são muitos na turbulência de águas insanas
Negritudes de uma noite sem estrelas para guiar
A popa, em cujo lumiar cada vez mais derrotado
Pelo canto que vem chegando e encharcando
Os tímpanos de sal que em cristais vai alojando.

Arrebatado pelos redemoinhos atlânticos
Muitos se aventuraram a perder-se completamente
Pois Ana Maria desconhece o destino infeliz destes marinheiros
Que encalham suas carcaças, barcas de velas arrancadas
Numa tempestade em que Netuno faz tremer seu tridente
Prateado, a exibir seu corpo regado de algas e mexilhões.

Daqueles que retornaram e sentiram o gosto amargo
Da bílis arrancada aos solavancos do mar revolto
Caminham pela prancha em desatino
Carregando no rosto um sorriso estranho
De ter vivido todas as emoções
Aquelas mais profundas
Mas sem arrependimento.

Os olhos de Ana Maria
Eram tão belos
Como asas de passarinho
Como passarinho frágil e selvagem
Jamais serão de alguém
Serão meus em meu pensamento

Tão líquidos como aqueles....

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Eco

Ouve minha voz?
Consegue me escutar?
Vaguei, vaguei e ainda não cheguei
De lugar algum
Pra algum lugar
Do sonhar
Do esperar e chegar
Mas como esperar, e um dia chegar?
Como escutar, mas sem falar?
Como sonhar, mas sem cochilar?
A busca da vida, da alegria
Do amar e do deixar....
E como simplesmente deixar e ignorar? 
Mas você de fato consegue me escutar?