terça-feira, 6 de abril de 2010

Ao frio da tarde

O que me resta naquela cidade
Em que nem as ruas me reconhecem
Mais
Nem mesmo um rosto que seja
Familiar
Em cada esquina que passo
Mais estranho sinto
Um calafrio que me percorre
A espinha
De uma maleita nunca sentida
Que na alma vai adoecendo
Numa febre fria
Numa brisa fria
Que traz consigo os fantasmas
Envelhecidos em tonéis de carvalho
Da uva pisoteada
Que virou vinagre.
Se alguém me reconhecesse
Nem assunto teria
Numa conversa arredia
Preferia que não acontecesse
Pois o frio não apenas congelou
As faces endurecidas
Mas igualmente o coração.
Que de duro esfriou
A chuva deste momento
Esfria esfria.

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