terça-feira, 6 de abril de 2010

A bela e os outros

Olhar altivo olha
Por cima do muro
Enquanto a multidão se dispersa
Depois da chuva
Quem olha não vê ninguém
Pois ninguém merece ser visto
Além daquilo que lhe é útil.
Inútil os outros
Que vivem a correr
De um ponto para outro
Para lugar algum.
Sempre no mesmo ponto
Abaixo do mesmo viaduto
Arruma a cama de papelão
Sua companhia:
Um velho doente
Um cachorro com sarnas.
Um espelho para ver o rosto
E enaltecer sua vaidade
Mulher mais bela não há
Do que ela própria.

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