terça-feira, 20 de abril de 2010

O homem do saco

De minha infância
Ainda me lembro
Do homem do saco
Carregava nele as crianças
Para serem devoradas
Nas noites de lua cheia.
Por pouco não fui devorado
Pelo homem do saco
Mas devorou ele o meu gato
Mais tarde devorou os meus sonhos
De ser alguém nesta vida vazia
Comprar um fusca de segunda mão
Ser balconista na feira-livre
Fui me interessar justamente
Por tudo aquilo que não devia
Fui me interessar por poesia.
Fuji uma vez da poesia
Fui fazer faculdade de economia
Fui escrever história da vida
O tempo passou
A tristeza passou
Passou o filme mudo
E o filme falado e dublado
O fogo do amor passional
Passou.
Nada mais restou nesta vida
Somente a poesia.
Somente ela para alegrar
Esta vida tão chateada.

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