quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quando a noite caia

Pelas ruas da Aurora
Lá no centro da cidade
Que outrora havia pastelarias
De chineses que por aqui chegaram
Trazendo em bagagens muambas de terra longínqua
Não se sabe para onde foram
Sumiram com as boas moças de saia curta
Que exibiam formas parabólicas
De um quadro surrealista de um artista desaparecido
Havia alegria nas portas dos cinemas de bilheteria barata
Exibindo nas telas mofadas belezas da indústria nacional
Nada disso existe mais
Nem mesmo uma curiosidade por espiar
Pelo canto do olho arrepiado
Um pecado da noite que se vai
Mas passado um tempo demorado
Quando retorno à calçada do passado
Nenhuma porta se abre mais
Para um espetáculo interessante
Das bailarinas fingindo meninas
Despidas de toda vergonha com arte e mesura
Vênus platinada que pensava ser
Artista de Hollywood.
Uma inocência havia na cara estampada
Das moças de má vida.
Das moças de família.
Nada disso existe mais
Na Aurora de nossa vida.

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