quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Poesia Maldita

Talvez possamos recuperar este termo, no contexto atual, como sendo aquilo que não cabe mais no senso comum, entretanto faz parte do mundo, da cultura e da sociedade, isento de princípios morais institucionalizados. Ao contrário, maldito é o que aparenta imoralidade, pois contraria as convenções para revelar uma verdade subterrânea. Maldito liga-se à vida, no seu sentido visceral, baixo corporal, dos suores e gemidos, da dor diante da irrealidade do mundo sem valor algum, senão a da utilidade temporal de corpos e almas.

Num mundo cada vez mais desencantado, a prosa acabou sobrepujando-se ao verso, por isso a poesia desapareceu. Não que seja desta forma, a poesia está presente no delírio dos loucos e vagabundos, na esperança dos utópicos, no sonho dos românticos, na espiritualidade dos místicos e profetas. Outrora a poesia servia como encantamento, na transformação do mundo e do espírito. Curativo era. Um maldito acredita no poder curativo da palavra a fim de exorcizar o universo através da ironia fina, da ingenuidade reveladora, enfim da poesia nascida pela necessidade de expressão.

Jisho

Um comentário:

  1. Excelente definição sobre este termo Maldito... outrora versejado por Paul Verlaine em Os Poetas Malditos, versejado em prosa, em forma de ensaio, é bom que se diga.. mas gostei muito da sua dissertação colocando o conceito "maldito" à luz da atualidade..
    Forte abraço !

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