Talvez possamos recuperar este termo, no contexto atual, como sendo aquilo que não cabe mais no senso comum, entretanto faz parte do mundo, da cultura e da sociedade, isento de princípios morais institucionalizados. Ao contrário, maldito é o que aparenta imoralidade, pois contraria as convenções para revelar uma verdade subterrânea. Maldito liga-se à vida, no seu sentido visceral, baixo corporal, dos suores e gemidos, da dor diante da irrealidade do mundo sem valor algum, senão a da utilidade temporal de corpos e almas.
Num mundo cada vez mais desencantado, a prosa acabou sobrepujando-se ao verso, por isso a poesia desapareceu. Não que seja desta forma, a poesia está presente no delírio dos loucos e vagabundos, na esperança dos utópicos, no sonho dos românticos, na espiritualidade dos místicos e profetas. Outrora a poesia servia como encantamento, na transformação do mundo e do espírito. Curativo era. Um maldito acredita no poder curativo da palavra a fim de exorcizar o universo através da ironia fina, da ingenuidade reveladora, enfim da poesia nascida pela necessidade de expressão.
Jisho
Excelente definição sobre este termo Maldito... outrora versejado por Paul Verlaine em Os Poetas Malditos, versejado em prosa, em forma de ensaio, é bom que se diga.. mas gostei muito da sua dissertação colocando o conceito "maldito" à luz da atualidade..
ResponderExcluirForte abraço !