terça-feira, 6 de abril de 2010

Sonhos desfeitos

Que dizem as paredes desta metrópole
Em cujas fissuras esconde-se uma alma
Desiludida talvez dos sonhos amarelados
Que de velho ficaram desbotados
Ficaram mal falados na língua alheia.
Mas que me importa o que digam
Digam que esquecerei em instantes
A vergonha de não ter realizado
Um sonho passado.
Não fui pianista
Deixei de ser anatomista
Queria ser artista de circo
Fui artista da vida
E representei tão bem a comédia humana
Que de tragédia nada tinha
Ninguém aplaudiu
Todos riram e pediram mais
Foi demais para a alma pequena
Continuei a representar papeis secundários
Pensando ser maioral
Cujo talento maior
Era não ter talento para
Ator principal.

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