quinta-feira, 25 de março de 2010

O ato inútil de não servir

Ainda a pouco, respirei fundo no meio do jardim,
bem próximo da terra úmida, respirei e prendi
até não agüentar mais, até tudo rodar, quase cai...

No ócio há companhia, por isso vim até aqui.
Nem fui convidado, estou aqui por um mero descuido,
quero dizer, por uma seqüência ruidosa de erros.
Nem mesmo sei o que faço neste campo —
agora passo a mão na bananeira, há um pó branco

Será que há bananeiras na lua?

Estou não servindo para nada,
não há nada por aqui que dê dinheiro,
todo este trabalho, todo este desalinho, em vão.

O tronco da figueira é cheio de irregularidades,
enquanto o da jaboticabeira é liso e descamado, isso
nem vou anotar, pra quê? Arquivo morto não me serve.

Olha, ainda pouco respirei por uma narina só...

Um bem-te-vi! Este sabe ser, em todas as situações
— isso vou anotar, quer dizer, fingir que vou
como eu já disse, aqui não dá dinheiro, passo,
outro passo. Não tenho contrato,
ninguém rezou um para mim,
vou ficando assim,
por aqui...

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