quarta-feira, 24 de março de 2010

Aquela velha casa

Nunca consegui sair
Daquela casa
Em que nasci
Em que cresci
Em que conheci
Meus amigos de então
E eles onde estarão
Um chamava-se João
Dizem que João foi ser escritor
E o preto Pingo
O que a vida lhe ofereceu
De bom e de mal
Ao atravessar a rua
Foi mal:
Um carro arrebatou-o.
Mas tinha também o Zé
Que tocava violão de
Uma corda só
Ficou famoso na região
Foi tocar na religião
Da missa das oito.
E Mariana de cabelos
Encaracolados e loiros
Nunca vi alguém
Com olhos tão azuis
Como os mares do Caribe
Como o Triângulo das Bermudas
Em que naufraguei e acabei
Sufocando todas minhas mágoas.

Aquela casa ainda existe
Dentro de mim

Aquela casa que foi vendida
Depois demolida
Nada mais existe mais
O que lembre a velha casa.

Aquela casa ainda existe
Dentro de mim

E habito seus corredores
Tirando teias de aranha
Dos quartos em que passei
Parte de minha vida.
A velha Benedita na cozinha
Fritando sardinha...

Nenhum comentário:

Postar um comentário