segunda-feira, 29 de março de 2010

Mulheres de negro

Havia naquela rua em que vivia
A batida dos sapatos em direção à
Praça central em que ficava a matriz.
Eis que passavam as filhas de Maria
Com véus cobrindo a cabeça inteira
Rosários na mão uma medalhinha
Não se sabe de quem amarrada
Numa linha vermelha.
Era assim sábado e domingo
Pisando firme o chão de pedra sabão
De minha memória remota
Que volta agora como fantasma
Do tempo que deixou de existir
Trazendo novamente quando
A semana santa se faz presente.
Novamente em minha presença
O gosto amargo de um chocolate
Retirado gelado de um congelador
De toda minha existência.
Sempre aquelas mulheres de negro
Carregando o pecado do mundo
Elas próprias pecadores e caminhando
Em busca de salvação de si próprias
Ainda existem dentro de mim.

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