Numa tigela rasa tomo
Mingau.
Para saciar a minha fome
De arte e traquinagem
Queria ser malabarista
Para as mulheres de queixo
Caído ovacionarem em êxtase.
Numa tigela funda tomo
Mingau.
Para saciar a minha fome
De amor e politicagem
Queria ser comunista
Assim distribuiria aquilo
Que tenho e não tenho também.
Não tenho a amor que quero
Só quero o amor da musa enjeitada
Para compor versos atravessados
Malcriados e mal nascidos.
Meu verso é delírio para
Os alumbrados da contravenção
Que acreditam nos próprios
Descaminhos!
Numa tigela apenas tomo
Mingau.
Mingau com mel
Mingau com sal.
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