sábado, 27 de março de 2010

Dominado pelo mundo

Um cão vira-latas não tem
Um destino sequer traçado
Onde quer que vá sempre
Estará arrepiado de pelo em pé
Não de susto de comiseração
Pelos homens alucinados
Pelas mulheres que deixaram de sonhar
Pelas crianças que não brincam mais
E assim a vida se tornou mais soturna
Em nome do desencantamento
Que nada mais sente que uma dor
Profunda imensamente funda a bulir
Nas artérias de uma existência
Sem consistência alguma.
Por isso temos que rir
De nossa cara de apreensão
Perdidamente absurda
Num mundo igualmente absurdo:
Cai a máscara de repente
Mas o rosto não passa de outra
Máscara idêntica à outra.
Nem ao menos para ser
Diferente!
Diferente é a gargalhada
Da noite que não silencia
E continua a ecoar
Pela eternidade.
Diferente é parar de fazer
O que todos continuam fazendo
O que sempre fizeram
Menos por rebeldia
Sem pedras nas mãos.
Apenas sorrir a ironia
Das contravenções.

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