domingo, 2 de janeiro de 2011

Uma vida passageira

Tudo passa
O ano velho passa
Uma mulher gorda passa
Uma mulher magra passa
Todos os sonhos passam
Menos passa esta dor no pé direito
Que me visita três vezes por ano
E deixa um rastro de um passo
Arrastado num chinelo quase sem sola
Se a uva passa fosse apenas passado
O que passa neste coração maltrapilho
Que nada mais aprendeu
Nesta vida revirada e mal vivida
Que passou num instante...
Por isso gostamos dos filmes antigos
Daqueles em que as loiras falsas
São mais verdadeiras enfiadas
Em suas saias rodadas.
Um filme passa
E sentimo-nos felizes
Como se passasse ainda diante
De nossos olhos extasiados
Com vontade de abarcar o mundo
De um sonho que resiste em passar inteiro
Que nunca termina
De um filme
Que nunca termina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário