domingo, 2 de janeiro de 2011

Rodopiando na roda-gigante

Num desses parques de diversão
Certa vez vi um na Amazônia
De minha infância havia muitos
De minha cidade natal
Havia lá num canto a roda-gigante
Nem tão grande assim
Sem nenhum charme de outrora
Sem charme algum
Velho e carcomido pelo sal
Da maresia que vinha com o vento
Desta vez era véspera de ano novo
Não uma data qualquer
Mas fiquei com uma vontade imensa
Na roda-gigante girar por um instante
Um pouco que fosse seria o suficiente
Fiquei de longe espreitando
Se ia
Se não ia
Rodar na roda-gigante que lá de cima
Enxergaria toda a cidade e o mar e as montanhas
Poderia ver o mundo de uma outra forma
Em panorâmica que jamais se veria
Se não fosse a mágica da roda-gigante.
Mas meus pés fincaram raízes
Nenhum avanço se deu
Em direção da roda-gigante
Que rodava
Que rodava
Os olhos que rodavam
Sempre em redemoinho
Num sonho rodava
Por um momento rodava
Por uma vida inteira rodava
Como que nunca mais fosse parar
Rodava como a própria vida rodava
E como invejei aqueles que rodavam
Na roda-gigante
Entorpecidos que estavam
Por uma felicidade momentânea
Por um momento eternizado
No rodar apenas
Da roda-gigante.
Quando parou ainda a felicidade
Existia no rosto daquele homem
Que rodou sem medo algum de enlouquecer
No rodar apenas
Da roda-gigante.
Daquele que ficou fora
Com medo de rodar
Rodopiava como pudesse ficar
Fora da roda-gigante.
E rodopiou junto
à roda-gigante.
Os rojões explodiam anunciando
Ano Novo!
Tudo mudou
Ao rodar apenas
Da roda-gigante.

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