domingo, 2 de janeiro de 2011

O esquecimento do eu

O instante do auto-esquecimento, no qual o sujeito submerge na linguagem, não consiste no sacrifício do sujeito ao Ser. Não é um instante de violência, nem sequer de violência contra o sujeito, mas um instante de reconciliação: a linguagem fala por si mesma apesar quando deixa de falar como algo alheio e se torna a própria voz do sujeito. Onde o eu se esquece na linguagem, ali ele está inteiramente presente; senão a linguagem, convertida em abracadabra sacralizado, sucumbira à reificação, como ocorre no discurso comunicativo.

ADORNO. Theodor, Notas de Literatura I, São Paulo: Livraria Duas Cidades, Editora 34, 2008, p. 75

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