quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Letargia dos dias sem fim

Com imensa letargia os dias avançam
nos primeiros dias de janeiro.
Por algum tempo os ventos da calmaria
não fazem mover moinhos.

Diante de mim uma imagem de Buda
calmamente me vislumbra
num sorriso que acalma e incomoda.
Sorriso de bronze que permanece
pela eternidade assombrando.
Nada mais importa neste momento
se vier a morte que seja branda
como a poeira que se assenta e levanta
pelo chão de madeira carcomida.

Os amigos que tive ontem
seguiram seus caminhos
Os amores que tive ontem
distanciados em gelo ficaram
Nem mesmo uma lembrança
restou senão as ruínas de um terremoto
que continua causando sinistros.

Por um momento apenas o silêncio
das paredes impregnadas de fuligens
dos incêndios que trouxeram abaixo
os sentimentos mais baixos da esperança
perdida numa batalha sem causa alguma.
Ainda que nenhuma causa seja aparente
o corpo dolorido pelas chuvas da estação
quer descanso numa cabana solitária
distante das vozes atravessadas
das baitacas em festiva festança.

Assim que a noite se debruça
as estrelas são companheiras
faiscando uma energia que não acende toda
a imensidão deste lençol em furos.
Assim beberei da lua todo seu mel
e embriagar-me-ei como um tolo
que satisfaz ao rir de si.
Dos vapores que se assentam farei meu leito
para acalentar em sonhos
esta vontade imensa de continuar sonhando
antes que lá adiante ofusque uma luz incômoda
do sol que mais engana
do que as noites de insônia.

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