terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As prisões de janeiro

Algo de estranho acontece em janeiro
Algo de totalmente inerte em corpo fechado
Nem chega a incomodar a chuva
Nem o vento sopra mais como antes
E o tempo fechado dorme pela tarde adentro.

Uma incerteza ainda acontece esparramando
Caudalosamente pelas ruas uma bruma quente
De um sopro que vem de dentro
Das frinchas de um mármore eterno
Que resiste a qualquer molde do formão.

Com lentidão a roda do moinho se move
No embate das serrilhadas roldanas
Rebentando as nozes de suas carapaças
Duras como as cascas que nos envolve.

Por um momento o ser da morte
Descansa com a esperança de novamente
Repetir o movimento de sempre
Sem hesitação de trás para frente.

Sem conhecer a liberdade
Apenas continua a esmagar
Com os pés nus a uva do tempo.

Sem conhecer a liberdade
Esmaga com os próprios pés
Qualquer possibilidade de amar.

Com o tempo que passa
Cada vez mais resistentes são
As correntes presas nos pés e nas mãos.

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