domingo, 9 de janeiro de 2011

Os demônios vulcânicos que não passam

Como posso me livrar dos demônios
Do passado
Se constantemente surgem do nada
Com suas caras maravilhosas
Bovinas e transparentes como vidro
Refletindo a minha cara
Refletindo todas caras que passaram
Pela minha vida
Eu também a vida de todas elas
Com toda insanidade do fogo
De um vulcão derramando pela borda
Uma lava que a tudo transforma.

Certa vez visitei o vulcão de Asso
No arquipélago japonês
Queimava enxofre que nos pulmões
Queimava mais ainda
E lacrimejava as pupilas vermelhas
E vi o inferno fervendo abaixo
Em rios que a tudo queimava
E queimou a minha alma
Mas nunca o vulcão explodia
Mas fervia sem que ninguém
Pudesse ver
Por um momento pensei:
Sou vulcão que vive
Em terras em que não nasci
Sou o vulcão que internamente
Um caldeirão cheio de metal derretido
Não pode mais esfriar.
Esta é minha condição
Combustível desta existência
Que acende uma lamparina
Perdida na escuridão.
Mas não clareia tudo
Esconde mais do que revela
E nas sombras se mostra
Toda a beleza e feiúra.

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