sábado, 18 de setembro de 2010

As flores secas

Para que servem as flores
Se não há ninguém
Para recebê-las.
Servem para enfeitar
As prateleiras empoeiradas
Dos livros que já li.
Ficarão por lá até que
As múmias surjam e façam
Companhia.
Dessas que podem saltar
Das páginas amareladas
Dos cantos ainda molhados
De restos de saliva.
Por fim aparecerão também
As bactérias que devorarão
Totalmente
Do pedaço daquela flor
Que por fim secou
Sem serventia alguma
Ficou apenas a intenção
De um dia ser dirigida
A alguém
Que nunca existiu
Melhor que fosse assim
Assim debaixo dos olhos
Como poeira
Caiu.

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