domingo, 19 de setembro de 2010

Areia e desolação

Para quem uma vez
Num barco esteve
Não alcançou outro lado
Do outro lado do Estige
Não encontrou os amigos
Que se foram
Os amores que não se realizaram
Pois era em tempo errado
E somente em tempos errados
O amor acontece.
Se fosse fácil de acontecer
Nenhum amor aconteceria
E nada teria validade.
E por amor a pedra é encontrada
Dessas raras pepitas perdidas
No veio da terra cristalina
Por ser raro o amor se revela
Em toda a sua dificuldade
E quando se pensa que a tem
Temos apenas a ilusão de alguma
Posse
Passageira como areia que derrama
Numa velha ampulheta.
Areia que continua caindo
Não se detendo jamais
Para que as horas passem
Sem que ninguém possa detê-las.

Nenhum comentário:

Postar um comentário