sexta-feira, 13 de agosto de 2010

As legiões de baixo

Nada pode ser mais verdadeiro
Do que deixar as portas dos porões
Abertos e deixar sair legiões
De títeres manipulados por mãos
Invisíveis de um teatro ambulante
Parado em praça da Babilônia.

Serão estes malabaristas
Com suas bolas coloridas
Serão também feiticeiras
Cortando o céu em suas vassouras
E rindo de toda seriedade
Que supostamente
Existiria no mundo.

Nada mais risível do que
O sério de cara pintada
Numa maquilagem social
Artista social
Que equilibra numa corda bamba
Um equilibrista social
Que tenta ser sério
Quanto mais sério
Mais engraçado.

Que pode ser mais engraçado
Do que o terapeuta
Que vive da doença social
Imoral da classe média
Que na média nada cura
Nada sara
Pois nada há para sarar
Da paciente que pensa que cura
De uma doença que cura não há.

Temerosos sãos os demônios
Que põem o mundo ao avesso
Por isso devem ser presos
Novamente no porão
Como eles não existissem
Até que novamente
As portas sejam abertas
Para que alegria seja restabelecida
Dos arlequins e colombinas
Numa dança sobre as sombras
De uma ordem corrompida
Dos que fingem seriedade
Da moral e bons costumes
Da cultura elevada
Da religião institucional
Que teme
Que geme diante
Dos seres que habitam os porões
Profundos e frios
De toda existência
Acima e abaixo.
A verdade seja assim
Um pouco abaixo
Da linha do Equador.
Da cintura para baixo
Onde a vida se forma
E o prazer pela vida
Verdadeiramente vivida.

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