segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um louco que morreu

Havia um louco
Que caminhava naquela rua
Catava tocos de cigarros acesos
E fumava o resto
Aspirando fundo do que restava
Fumaça e desilusão
Mas não cansava de caminhar
Quando chegava até a esquina
Dava uma volta e retornava
Incansavelmente durante horas
Um dia inteiro
Sem perturbar ninguém
Sem conversar
Com sorriso idiota na cara
Sorria para as mulheres que passavam
Que mudavam de calçada
Para não se encontrar
Com o louco Ferrinho
Era o seu nome.

Um dia Ferrinho não mais apareceu
Será que morreu?
Será que foi carregado em camisa de força
Não se sabe nada
Ninguém tomou conhecimento
Nem sentiram sua falta
Um ano passou
Dois se passaram
Mais outro
E caiu no esquecimento
Como nunca tivesse havido
Alguém como ele.

Sorria para as mulheres que passavam.

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