sábado, 3 de julho de 2010

As folhas secas

Ainda que varra as folhas secas
Não me canso de varrê-las
E novamente centenas de outras
Delas forram o meu chão.
Nem por isso tenho que deixar
De limpar quantas vezes for preciso
Para que num instante
Despenquem num relance
Todas as folhas deste inverno.

Se tenho que limpar minha mente
Destas ervas daninhas da ilusão
Ilusão maior é esta limpeza
Que nunca se livra das impurezas
Dos amores passageiros
Eternamente presentes.

Sem nunca parar de limpar
Mais que limpa a rua suja
Das folhas secas e caídas
De seus galhos suspensos.

Pudesse eu também
Desprender como folhas secas
Uma tristeza sem motivo
Mas que resiste em acabar.

Um balanço ligeiro
Um volteio e logo surgem
Folhas secas espalhadas.

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