segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Conforma-te, e acostuma

Beijos de despedida
São salgados
Demorados, são uma vida
No adeus dos separados

Num momento,
Um morno abraço
O inexorável que precede
O frio vazio, o espaço

Vem dos olhos para os lábios
Da despedida a vil questão:
Por quê, Amor, que tu nos tira
Quase inteiro o coração?

E então quem antes
Dav' um abraço
Mal tem forças
Num adeus, erguer o braço

O calor que a mão antes sentiu
Agora sente e ouve o vento frio
"Conforme-te e acostuma!..."

Nesse olhar que diz adeus
Em silêncio, não há alegria
Mas um'alma clamando a Deus
Na dor da morte da agonia

Os mil momentos de ternura
Que empregaram lado a lado
Piscar de olhos
Frente a um adeus tão demorado..

E então olhando para o sol
Num lindo dia de Primavera
Vê que ele reflete
A beleza que é só dela

Amor de amada e de amante
Em teu adeus, na despedida
Sentou ao trono, em mim, reinante
A Tristeza - sempre só - em minha vida

Meu coração é teu, somente teu
Como ao mar pertence a escuma
E o vento frio me repetia:
"Conforma-te e acostuma!..."

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