terça-feira, 1 de junho de 2010

Escrevo porque sou um desesperado...

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e seu desespero. E agora só queria ter o que eu tivesse sido e não fui.

LISPECTOR. Clarice, A hora da estrela, Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1993, p.32

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