domingo, 6 de junho de 2010

Ao final do túnel

Sempre no mesmo ponto
Lá estava a velha na saída dos carros
Lá estava a velha no final do túnel
Nada pedia apenas sentada ficava
À espera dos carros que saíam
Às vezes paravam e davam algo
À velha que estava no final do túnel
Recebia com suas mãos crispadas
Um resto de pão
Um pouco de moedas
Um pouco de amor
De uma multidão desconhecida
Que por instantes viviam
A vida solitária
Da velha no final do túnel
Havia no final do túnel uma luz?
Não
Era apenas a velha
Que não incomodava
Que não atrapalhava
Nem vendia doces
Nem amendoim torrado
Nada vendia
Apenas a sua imagem
De velha no final do túnel
Ainda que fizesse frio
De lá ela não saía
Como uma estátua de mármore
Permanecia sentada e nada pedia
Mas quem a via dava
Qualquer coisa
Coisa alguma
Lá estava a velha no final do túnel.
Quem a viu jamais deixou de dar
Quem a viu nunca mais se esqueceu
De uma solidão profunda na profusão
De carros saindo ligeiro.

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