terça-feira, 29 de junho de 2010

Ao cair da noite impura

Um corpo que caminha
Pela cidade
As ruas não testemunham mais
Suposta insanidade
Dos rostos de vidro
Isentos de qualquer expressão.

E quando a noite chega
Trazendo uma bruma venenosa
De gases carbonizados
Dos fósseis que se estendem
Pelo granito polido pelas rodas
De carroceiros levando
Papelões sem nenhuma serventia
Senão para a decomposição
Mais profundo fica o abismo
Do homem desamparado
Circunvizinho à rocha cujo
Limbo antes verde ressecou.

Ainda que se procure
Seja nos sinais de trânsito
Nos grafites das paredes
Nenhum significado capaz
De salvar da própria destruição
Uma vida que deixou de ter
Sentido capaz de suportar
A angústia em deparar que
Qualquer expectativa
Será em vão.

Indiferente a tudo
Mas como nada mais tivesse
Importância
Continuam comendo
Nas praças de alimentação
Aumentando cada vez mais
Uma desilusão de um amor antigo
Por isso cada vez mais
Ingerem calorias
A fim de esquecer tamanha contradição
De uma vida vivida em revés.

Nenhum comentário:

Postar um comentário