sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pelas penumbras das esquinas

Os cães ladram na madrugada
Perdidos que estão sem direção alguma
Confusos de seus destinos caninos
Ladram para a lua crescente
Ladram para toda a gente
Como que ladrar fosse importante
Em suas vidas de cão.
E errantes como os homens
Vagam pela noite adentro
Invadindo as esquinas de todo
Ressentimento.
Pois quando chega a penumbra
Uma multidão de desconhecidos
Mudos e paralíticos podem
Expressar seus sentimentos.
Alguns são cegos que enxergam
São mudos que podem falar
E sua fala truncada revela
Uma verdade que se fala
Em voz pausada
Quase um sussurro
Que a vontade de viver
É a vontade de morrer
Em pleno distanciamento.
Nada pode ser mais belo
Do que a solidão sentida
No abandono das lembranças
De um amor passado
Que não passa mais
Do que um fantasma.
Fantasias de uma festa
Sem colombina.

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