quarta-feira, 26 de maio de 2010

Na irresponsabilidade lírica

Pelos olhos frios e distantes
Que pode esconder os sentimentos
Mais profundos
Não esmorecem diante
Do maior encantamento
Pode ser por vaidade
Pode ser por covardia
Pode ser pelo medo de se ver
Sucumbido diante da própria
Fraqueza de admitir a fraqueza
Da condição humana.

Este homem descontrolado
Que ama e se perde na bebedeira
Das garrafas de perfume
Morre a cada minuto no desencantamento
Dos livros de poesia
Cada vez mais deixados de lado
Totalmente empoeirados
Sem que ninguém mais os leia.

Amar o errado é viver a poesia
Presente nas vias tortas
Dos labirintos minotauricos
Em que a morte é certeira.
Uma vez que morre
Pode-se viver na eternidade
Num poema ainda a ser escrito
Esperança que nunca se vai
No ralo da desesperança
Uma oração em que nada se pede
Tudo se perde na infinita vontade
De ser levado pelas cantigas
Das bruxas de Circe
E ser devorado por todas elas.

Toda ordem é destruída
Instalada a desordem que se arruma
Como verso improvisado.

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