sábado, 29 de maio de 2010

O pântano de nossa realidade

Esta febre repentina
Traz o vapor dos pântanos
Num caldeirão de lamentações
Em que as bruxas lançam dentro
Tufões e lagartixas
Maldizendo esta vida de vadiagem.
Nas esquinas de alta boemia
Que de madrugada o amor é cinza
Vendido por preços módicos
Aos transeuntes solitários
Paralíticos em suas cadeiras mecânicas
Velhos desesperados pelas mulheres
Que envelheceram e não satisfazem mais.
De madrugada os cães sem raça
Saem à procura de não sei quem mais
Nada mais encontram
E retornam cabisbaixos e envergonhados
De um cio que não foi sanado.
Mas quando a manhã chega
Os vapores se dissipam
Ao corte de um vento soprado
Para que todos possam acordar
De seus sonos
Muito mais reais do que
A realidade irreal dos olhos
Esbugalhados e acesos
Dos camaleões.

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