Acima dos fios de alta tensão
Acima de onde podemos visualizar
Lá acima do prédio acima vive
Uma mulher esquizofrênica.
O marido a deixou
Não queria adoecer
Os parentes a deixaram
Não queriam compromissos
Sua única companhia era
A mãe sofredora de degeneração
Uma cuidava da outra
Esperando o trem passar.
Todos os dias às quinze
Impecavelmente naquele horário
Sem atrasos o trem passava
Sacolejando aos trancos
Transportando bois
Uma boiada inteira
Até que veio a recessão
Veio a depressão
O trem parou de passar
O que restava então
Às duas mulheres
Que sempre às quinze
Podiam ver
O trem passar.
Nem mais esta alegria tiveram
A mulher esquizofrênica
Outra em degeneração.
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