sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ao cair da tarde

O chá um tanto morno
Não espanta o frio que percorre
As artérias das pernas
Que cruzadas
Descansam sobre a almofada.

Assim fazendo
Milhares de anos se passaram
E milhares de livros lidos
Sem que nenhum conhecimento
Fosse realmente adquirido
E assim sinto-me
Como o mais inútil
Dos mendigos
Que pelo menos
Não se envolveram
Com o sonho sinistro
Das ruas e casas de janelas fechadas.

Alguma palavra que escrevesse
Nenhuma certeza havia
Senão a de nada dizer
Do que uma palavra esquecida.
Ainda assim
Sem a esperança de dizer
Continuei escrevendo
Nas paredes descascadas
De uma casa abandonada
Quem sabe
Alguém pudesse passar por ali
E curiosamente
Ler e sorrir
De felicidade suponho
De ironia de minha angústia
Suponho.

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