segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Um sonho real demais

Alguém me disse
Que uma tristeza sente
Imensa tristeza sempre
Quando o sonho acaba
E vem o dia
E a luz que cega
A janela aberta
Que mais cega do que
Revela
Um mundo totalmente
Às avessas
Daquele mundo
Em que sonhava
Em que vivia livremente
E podia amar livremente
E se sentia gente.

Imensa era a tristeza dela
Só de pensar que era
Tão somente um sonho
Um sonho que não era
Realidade.

Mas esta realidade dura
Engessada e impura
Se põe como a verdade
Em que toda falsidade
Se torna norma comum
Pelo fato dos olhos enxergarem
Pelo fato dos ouvidos ouvirem
Sem saber que nada enxergam
Sem saber que nada ouvem
Que todos os sentidos mais grosseiros
Nada sentem do que um falso sentido.

No sonho
Justamente no sonho
Todas as possibilidades acontecem
Toda ordem é estabelecida
Nem precisa de polícia
Não há batedor de carteira
Todas as mulheres são livres
E suas bocas sedentas de outras bocas
Para alimentarem-se de pão e de amor.

Imensa era a tristeza de saber
Que o sonho acabou?
Mas quem pode afirmar
Que não se trata de outro sonho
O sonho desta vida
De olhos arregalados
E um susto no rosto.

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