O que pode sustentar
A inércia deste corpo
Maltratado pelo vento
Que caminha de costas
Sem ver adiante
Vendo sempre
Os próprios passos
Se apagando ao relento
As marcas postas
Numa trilha de cal.
E tudo se passa
Em instantes
Numa vida que passa
Num passado que passa
Na inconstância
Das imagens opacas
De um fantasma.
Mas sentimos saudades
De um tempo passado
Que passou
Do amor passageiro
Que não passa
De uma sombra
Do passado
Que continua passando
Como filme antigo
Num cinema decadente
Habitado pelos ratos.
Somente os ratos existem
Neste momento
Que continuam a roer
As paredes grossas
De meu baú de passados.
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