quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sensação das tardes outonais

Chega um tempo em que estamos sós
Sem que algum motivo exista
Para incomodar
Nem mesmo incomoda a batida do martelo
Que penetra pela frieza da tarde outonal
Em nossas veias cada vez mais estreitas.

Que alívio é sentir o vento da liberdade
Alisando o rosto sujo de poeira
Que sopra insistentemente nesta cidade.
Perder-se no traçado destas ruas
E ir tecendo um tecido fino de sutilezas
Como uma aranha em sua lida
Tornando a vida mais intensa
Em cada esquina vivida intensamente
Todos os amores e dores sentidos.

Ainda vejo pelas ruas da existência
Pegadas orgânicas ainda frescas
Num caminhar errático que avança
Entre avanços e recuos
Numa direção que se repete
Por medo de uma direção diferente.

Quando se faz da solidão um amigo presente
Principalmente em tempos de viagens ao fundo
De uma galeria cheia de vitrines
Em que as atrações são personagens
Com rostos pintados e bocas vermelhas
Que dançam um folguedo conhecido
Podemos rir mais uma vez
Podemos chorar mais uma vez
Naquela platéia cheia
Mas apenas uma cadeira ocupada.

Somente aqueles que se perdem
Podem encontrar em qualquer lugar
Que seja
Que nunca saíram do lugar
Que sempre viveram
Na mesma casa de sempre
Um portão alto guardado
Por um único cadeado.

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