quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Surfista das tormentas vividas

Cada vez mais passageiro
de passagem se torna o tempo
sem que possamos deter
por um instante sequer
as rugas alongando-se
pelo rosto inteiro.

Rugas que sempre
existiram no tempo futuro
do jovem que dança
e balança numa prancha
de surf
equilibrando-se
para não cair.

Mas continuamos ainda
numa prancha
muito mais hábil
do que ontem
contornando golfinhos
e brincando com os
tubarões
sem cair
e caindo sempre
para cair de novo
e de novo deixando-nos conduzir
como Ulisses
pelas sereias
as mesmas que devoravam
as almas dos homens
transformados todos
em carneiros a balir
encantados pela lua.

Sem correção
errando em direção
dum abismo
em que as lavas
de um vulcão
prestes a explodir
consolam diante
dos perigos desta vida
ilusória e maldita
mas vivida intensamente
seus pecados todos
bebidos todos num cálice
de prata.

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