Nem era amarelo
o corvo que surgiu
o corvo que sonhei
era branco.
Fiz que não o via
fiz que não sabia
do corvo branco
de olhos fundos
profundo era o mar
que nos separava
o corvo que não se ia
e lá ficou
em minha morada
como fosse sua
sempre tivesse nela
vivido.
Um corvo que disse seu nome
Sempre estarei
Ainda que queira me livrar
dele
serei sincero nisso?
Estarei mentindo
mais uma vez
e toda vez que negá-lo
surgirá de novo
o mesmo corvo
a dizer seu nome
Sempre estarei
Não passarei mais frio
medo tampouco
não estarei sozinho
pois
Sempre estarei
estará do meu lado
com penugens brancas
não as de um pombo
que traz a paz
no coração dos homens
mas as brancas de um corvo
que traz a dúvida
que incomoda
que acalenta
a intranqüilidade
do homem que quer
a noite
que o dia cega-lhe os olhos
mas o sereno da madrugada
refresca as artérias
cheias de uma água rala
de beterraba.
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