Numa farmácia popular
Havia numa garrafa
De minha infância
Uma cobra verde.
Ela vivia naquela garrafa
Mergulhada no formol
Nunca saia de lá
Fingindo-se de morta
Sem se mexer
E de olhos redondos
Envidraçados.
Contemplava o mundo
Minha passagem por lá
Naquele laboratório
Em que o farmacêutico
Preparava
Suas beberagens
Pós para curar feridas
Marcadas na alma
Das mulheres pecadoras
Que amavam outros homens
Que amavam outras mulheres
Que amavam a si próprias
Suas calças de marca
Seus penteados endurecidos
Por laquê.
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