quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Peregrino sem causa

Em cada esquina de minha vida
um pouco que seja
esqueci-me de quem era
e deixei amores
e deixei livros
que em minhas costas pesavam
mesmo assim eram minhas
as pernas
que doiam e caminhavam
por onde o caminho levava
e venci encruzilhadas
e perdi batalhas
e cada batalha perdida
nem sabia mais o que
realmente perdia.

Não era o que importava
se importava alguma coisa
além do que caminhar.

Não era a minha vida
perdida em andanças
cidade adentro
cidade afora
em vilas da periferia.
Era a vida daqueles
que não mais caminhavam
por cansaço talvez
por indigestão talvez
por desistência quem sabe.

Daqueles que caminham
estes ainda conseguiam ver adiante
o mundo desmoronando
sem que nada pudesse fazer
senão contemplar
o vento varrer o horizonte
de maneira lenta
acariciando a pele molhada
pela chuva de primavera
perfumada e doce.

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