quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tempos de friagem

Ao som que de fora invade a sala
a umidade visita-me desoladamente
enquanto as veias verdes das pernas
ressentem-se.

Por um momento em minhas orelhas
toda a água escorre em cachoeira
trazendo um frescor
em gotículas glaciais.

E assim nesta espera constante
o mundo para por instantes
e demorado se torna os movimentos
desta mão que se solta e levanta
e acalenta uma sombra que se desfaz.

Pelas frestas da janela uma luz opaca
mal clareia o canto em que nasço e morro
a cada instante
e cada vez mais
mais distante fico daquilo que pensei
saber um dia.

Nem mais reconheço mais a face
estranha que num espelho envelhecido
perdeu todo o encanto.
Desencantado procuro pela casa
um sinal que seja suficientemente claro
para que eu seja
mas acabo desenganado
pois nada existe senão
uma camada de poeira
largada acima da cama fria.


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