Alguém em algum lugar
que ouço com vagar
o som de um instrumento
a perfurar a terra.
Quanto mais fundo fica
uma noite profunda fica
e quem me visita
são os cavalinhos do passado
montados pelos amigos
que se foram um dia.
Se foram e me deixaram só
com seus castelos de areia
a se desfazerem ao menor movimento
de uma onda rasteira.
Depois que a onda se foi
nenhum sinal apareceu
nem restaram as ruínas da destruição
como nada tivesse um dia
realmente existido.
Sem olhar para trás
cujos passos apagados
não retornam mais
o horizonte adiante
é largo demais
para uma existência rala
sem consistência
senão apenas
pelo aroma da primavera
que novamente encanta
os pés que se arrastam
errantes
em direção qualquer.
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